O Problema das Letras/Literaturas (II)
Depois de num primeiro post [O Problema das Letras/Literaturas (I)] ter denunciado o "êxodo" para as áreas das Humanidades, como fuga à Matemática, gostaria de continuar a desenvolver este assunto.
Quais a motivações que levam um aluno do secundário a eleger as Letras como opção preferencial no ensino superior? Hoje em dia muito poucas. Contudo, a principal razão continua a ser o ensino. Apesar das constantes notícias sobre o desemprego nesta área, alguns alunos (cada vez menos) tendem a escolher esta área.
Ora o primeiro choque é a desilusão perante os curricula das diversas universidades, pois: uma grande maioria dos cursos já não é actualizada há algum tempo; a grande componente teórica dos cursos reforça o distanciamento dos alunos; e, por fim, a falta de autores contemporâneos (do século XX, por exemplo), a não ser no quarto ano ou em estados mais avançados de aprendizagem (pós-graduções, mestrados, doutoramentos), afasta os alunos de alguns autores.
A tudo isto junta-se a falta de exigência crítica individual de alguns professores que prejudica a evolução dos alunos e cria um ciclo de "decorar-aprender a debitar-esperar reprodução exacta dos futuros alunos". Ou seja, impede-se a inovação crítica. Muitos professores preferem que alunos saibam debitar os que lhes é dito ao invés de, mesmo errando, procurarem apresentar diferentes pontos de vista. O facto de as turmas nestes cursos rondarem os 30/40 alunos, em vez de 15/20, impede a participação de todos os intervenientes no processo de aprendizagem.
Dir-me-ão que talvez seja utópico, não exequível quer pedagógica, quer financeiramente, mas com a redução brutal do número de alunos poder-se-ia aproveitar este factor para melhorar a qualidade do ensino. Por outro lado, ajudaria a desmistificar a "subjectividade" (enquanto termo pejorativo) das Letras e da exegese dos textos, pois tal como noutras áreas estas carecem de fundamentação crítica e objectiva.
Resumindo, para todos os "corajosos" que optaram pelas Letras, enquanto opção prioritária, a Faculdade apresenta-se-lhes como uma grande desilusão. Perante isto, em que medida isto se reflecte no futuro enquanto pedagogos, ou profissionais de outras áreas?
Num próximo post desenvolverei a questão das saídas profissionais e como isso se articula com esta segunda parte.
Quais a motivações que levam um aluno do secundário a eleger as Letras como opção preferencial no ensino superior? Hoje em dia muito poucas. Contudo, a principal razão continua a ser o ensino. Apesar das constantes notícias sobre o desemprego nesta área, alguns alunos (cada vez menos) tendem a escolher esta área.
Ora o primeiro choque é a desilusão perante os curricula das diversas universidades, pois: uma grande maioria dos cursos já não é actualizada há algum tempo; a grande componente teórica dos cursos reforça o distanciamento dos alunos; e, por fim, a falta de autores contemporâneos (do século XX, por exemplo), a não ser no quarto ano ou em estados mais avançados de aprendizagem (pós-graduções, mestrados, doutoramentos), afasta os alunos de alguns autores.
A tudo isto junta-se a falta de exigência crítica individual de alguns professores que prejudica a evolução dos alunos e cria um ciclo de "decorar-aprender a debitar-esperar reprodução exacta dos futuros alunos". Ou seja, impede-se a inovação crítica. Muitos professores preferem que alunos saibam debitar os que lhes é dito ao invés de, mesmo errando, procurarem apresentar diferentes pontos de vista. O facto de as turmas nestes cursos rondarem os 30/40 alunos, em vez de 15/20, impede a participação de todos os intervenientes no processo de aprendizagem.
Dir-me-ão que talvez seja utópico, não exequível quer pedagógica, quer financeiramente, mas com a redução brutal do número de alunos poder-se-ia aproveitar este factor para melhorar a qualidade do ensino. Por outro lado, ajudaria a desmistificar a "subjectividade" (enquanto termo pejorativo) das Letras e da exegese dos textos, pois tal como noutras áreas estas carecem de fundamentação crítica e objectiva.
Resumindo, para todos os "corajosos" que optaram pelas Letras, enquanto opção prioritária, a Faculdade apresenta-se-lhes como uma grande desilusão. Perante isto, em que medida isto se reflecte no futuro enquanto pedagogos, ou profissionais de outras áreas?
Num próximo post desenvolverei a questão das saídas profissionais e como isso se articula com esta segunda parte.